domingo, 2 de janeiro de 2011

História das mulheres que já governaram o Brasil








As eleições no Brasil neste ano de 2010 tiveram de tudo um pouco de candidato beato até ambientalista ao extremo. Porém a representatividade e ampla aceitação política da participação feminina nestas eleições foi um componente relativamente recente na história da republiqueta brasileira. Ao que consta nos estudos dos antropólogos e arqueólogos nem sempre as mulheres foram excluídas do direito de mandar pois elas tiveram no inicio do processo civilizacional grande proeminência com a existência do matriarcalismo, ou seja desde tempos imemoriáveis as mulheres já conduziam o destino de seus clãs, esta situação vai mudar onde o patriarcalismo ‘tomará’ as ‘rédeas’ do poder até nossa contemporaneidade.

Será neste contexto de mudanças promovidas pela democracia atual que as mulheres darão inicio ao processo de representatividade política o qual marca a nossa era, isso só vai ser possível com a quebra de muitos paradigmas vigentes em nossa sociedade machista e preconceituosa, toda esta mudança se inicia apenas em fins do século XX e inicio do XXI, haja visto que esta república negou às mulheres desde sua fundação o direito básico até ao voto, desde a sua implantação elas esperaram mais de 45 anos para ter o direito minimo de escolher seus representantes.

Ontem foi eleita pela via democrática a primeira mulher como presidenta de nossa pseudo-república brasileira a senhora Dilma Vana Rousseff, porém a partir de janeiro de 2011 mais de cem anos após a adoção do regime republicano ira figurá como uma das mulheres mais poderosas e influentes da América Latina, entretanto bem antes dela ainda em tempos coloniais estas terras brasileiras já foram governadas por mulheres, mesmo na chamada ‘retrograda monarquia’.

Fazendo um retrospecto de nossa herança lusitana terá como uma das primeiras rainhas de fato ao subir ao trono D. Maria I, aquela que passará para história como ‘a louca’, antes de ensandecer na ebulição da Revolução francesa foi uma governante que se dedicou com todo afinco para apagar o governo do Marques de Pombal, morreu com mais de 80 anos no Rio de Janeiro, quando a colonia já se vestira de metrópole. E o que falar da ambiciosa Carlota de Bourbon, nesses duzentos anos da chegada da Família Real ao Brasil, lembramos uma personagem intrigante e emblemática da corte portuguesa: Carlota Joaquina de Bourbon. Ela nasceu nos arredores de Madri (Espanha), em 1775; casou-se, com apenas dez anos de idade, com o então príncipe de Portugal D. João, em 08 de maio de 1785. Em 1792, D. João torna-se príncipe regente, e, por conseguinte Carlota tornou-se princesa-regente consorte de Portugal. Carlota possuía personalidade forte e grande habilidade política, no entanto o machismo da época não poderia suportar tais qualidades em uma mulher, por isso foi retratada por muitos como uma mulher histérica, ambiciosa, violenta e extravagante, em oposição ao do rei, considerado bondoso e frágil diante do comportamento da esposa. Porém, para além dos estereótipos, que a colocaram sob suspeita aos olhos do povo e em dificuldades no trato com seu marido; protagonizou inúmeros episódios que abalariam o prestígio e a confiabilidade da monarquia. Muita vezes o casal travava uma verdadeira batalha. Carlota conquistou adesões e articulou diversos planos para interditar seu marido e ocupar o trono português. Tentou evitar a vinda da corte para Colônia, não obtendo sucesso desembarcou, em 1808, na Bahia e depois no Rio de Janeiro onde fixou residência. Após a morte de D. Maria I, em 1816, o príncipe regente tornou-se oficialmente o rei D. João VI e D. Carlota Joaquina, a rainha de Portugal, Brasil e Algarve. Em terras brasileiras continuou suas estratégias de conquista do poder, mantendo-se atenta as questões políticas do “Velho Mundo”, tentou assumir o lugar de seu irmão Fernando VII, rei de Espanha, tomar posse da coroa ibérica, unir os dois reinos e torna-se Imperatriz das Américas. De volta a Portugal, em 1821, Carlota recusa-se a jurar a Constituição, tendo por isso sua cidadania portuguesa cassada. O espírito de inquietude continuava a trazer dificuldades a Carlota e sua tendência ao jogo político ainda lhe colocou em sérios apuros.

O inicio do século XIX foi fértil em contradições para o Brasil que atônito ainda com a inversão de papeis no contexto político que até então vivera, será não mais coadjuvante de sua história mais ator principal. Quando a corte portuguesa parte de volta a sua terra natal o Brasil que restara será formado por pessoas que não aceitariam mais a servilidade de outrora e quando as mudanças começam a história se faz presente as mulheres serão coadjuvante do processo de independência do Brasil e uma das principais defensoras ferrenhas da independência será a princesa austríaca Leopoldina Habsburgo-Lorena esposa daquele que será conhecido como D. Pedro I, quando o marido, príncipe regente, viajou a São Paulo em agosto de 1822, para apaziguar a política (o que culminaria na proclamação da independência do Brasil em setembro), D. Leopoldina exerceu a regência. Grande foi sua influência no processo de independência. Os brasileiros já estavam cientes de que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil outra vez ao estatuto de simples colônia, em vez de um reino unido ao de Portugal. Havia temores de que uma guerra civil separasse a Província de São Paulo do resto do Brasil. D. Pedro entregou o poder a D. Leopoldina a 13 de agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar São Paulo. Outra mulher que que deixará sua marca no governo do Brasil será a imperatriz Amélia de Leuchtenberg, sua breve passagem por nossa história trouxe não só a beleza de uma jovem princesa às terras brasileiras, mas também um exemplo de mulher que se preocupava com o futuro.

Na história do segundo reinado no Brasil várias mulheres vão deixar sua marca neste período como exemplo da quarta imperatriz das terras tupiniquins Thereza de Bourbon, que trouxe como dote de casamento uma rica coleção arqueológica das cidades de Herculano e Pompéia, a memória aliada ao estudo na busca das representações narrativas, com o intuito de resgatar a memória das chamadas “mulheres invisíveis”, e na ânsia constante de resgatar de como seria e como decorreu a existência de mulheres, seus sonhos, medos, e como submeteram a regras impostas pela sociedade no século XIX, onde os homens imperavam, sem darem conta de que realmente uma mulher ou a sua mulher tivesse capacidade de pensar pó si só. Será neste contexto de recato e puritanismo da era Vitoriana que vai crescer Isabel Cristina, aquela que vai ser conhecida como a que ‘deu’ a liberdade aos escravos restantes do país, mas seu empenho em prol da abolição da escravidão vai ocorrer bem antes quando se casara, onde vai libertar todos os escravos ao seu serviço; Em sua atuação politica nas ausências do Imperador D. Pedro II assumiu por três vezes a regência do Império, oportunidade em que sancionou diversas leis, entre elas a relativa ao primeiro recenseamento do Império, a que permitiu a naturalização de estrangeiros, a que previa o desenvolvimento da viação férrea; e a que determinava a solução de questões de limites territoriais e relações comerciais com países vizinhos, e 13 de maio de 1888, um domingo, seriam as últimas votações e a Princesa. certa da vitória, descia de Petrópolis para aguardar no Paço da Cidade o momento de assinar a Lei Áurea. Na euforia e no entusiasmo pelo seu dia de glória, só ouvia a Princesa os louvores e os aplausos – Viva Isabel I. Coroando a atitude da “Redentora” faltava a benção da Igreja, com a Rosa de Ouro. concedida à Princesa pelo Papa Leão XIII, em 28 de setembro de 1888. De pensamento arrojado para sua época, Dona Isabel era partidária de idéias modernas, como o sufrágio feminino e a reforma agrária. Documentos recentemente descobertos revelam que a princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá.

Todas as mulheres que já deixaram sua marca na política brasileira contribuíram de modo significativo para as mudanças na sociedade de sua época, todas empenhadas no bom governo e na probidade administrativa; e é isso que se espera da senhora presidenta Dilma a frente do governo do Brasil a partir de janeiro, que não roube e não deixe seus aliados roubarem, que não use a máquina de Estado para acobertar os crimes de Sarneys, Roseana, Collor, Calheiros, Barbalho e muitos outros figurões seus aliados políticos. O povo brasileiro espera sinceramente que seu governo e seu partido respeite o máximo possível as instituições, que não permita mudanças na Constituição Federal, porque no Congresso Dilma tem maioria para fazer o que bem entender, esperamos o exito de seu governo, não só de alguns clãs e a prosperidade da nação.

A marca que as mulheres deixaram no governo do Brasil, desde o período colonial até com a monarquia constitucional, foi sem sombra de dúvida um avanço para época em que viveram, haja visto que a política não lhes estava reservada, contudo a partir de janeiro de 2011 Dilma Rousseff terá a oportunidade ímpar para que mostre e faça um trabalho pelos brasileiros, respeitando não só as leis como também a todas as mulheres que lhe antecederam e as que confiaram em suas propostas, porque se seu governo for falho ela irá impedir que aja um avanço na participação feminina na política por um longo período.

A única critica que se faz à sua vitória, é sua longa lista de aliados corruptos e o fato de sua candidatura ser apenas um contraponto, um passa-tempo para que Lula retorne ao poder a partir de 2014 com força total e assim permaneça até 2022, uma temeridade!! Haja vista que para democracia possa se fortalecer deve sempre haver a alternância de poder, pois o mesmo corrompe.

Um comentário:

Sandra disse...

La persévérance ne laisse pas la place aux chants des sirènes.

Com esta frase gostaria de dar um oi e falar que gostei muito do teu recado. Estou te seguindo de perto para me manter informada rsrs
Gostei tb que voce nos trouxe a memória as mulheres que já estiveram no poder. Bravo !